quinta-feira, 28 de maio de 2015

Conhecendo Vila Velha/PR

Continuando nosso passeio pelos arredores de Curitiba.

Chegamos da Ilha do Mel à noite e ao invés de voltarmos para BH estendemos nossa estadia em Curitiba para no dia seguinte conhecermos o Parque Estadual de Vila Velha, no município de Ponta Grossa/PR. Desde criança ouvi sobre a região de Vila Velha/PR e a alta espiritualidade ligada a ela, comparável ou até maior que as grandes ruínas de Macchu Picchu, apesar de fisicamente menores em tamanho. Foi muito simples achar um bom hotel num preço legal em Curitiba e claro, escolhemos um a 3 ou 4 quarteirões da Rodoferroviária, em frente ao Shopping Estação, chamado Nacional Inn Curitiba.


 Piscina no terraço do hotel. Achamos um bom preço pelo Booking.com e a diária saiu num custo-benefício excelente. Pena que estava frio (uns 19 graus) e não dava pra nadar.

Vista do Shopping Estação, bem em frente ao hotel onde ficamos. Aqui em BH também tem um Shopping Estação, mas este é numa estação integrada de metrô e ônibus urbano, voltado a um público Classe C ou menor poder aquisitivo. O de Curitiba parece foi construído em homenagem ou a partir de alguma estação de trem tradicional e parece ser menos orientado à classe C, mas bem receptivo a ela. Aproveitamos para jantar e dar um passeio no shopping Estação. O pessoal de Curitiba também curte um shopping domingo à noite! Achava que isso era coisa de mineiro, mas estava enganado. Achamos boas opções de jantar,a  um preço bem legal.
Decoração do Shopping Estação: uma cortina de água. Meio "over" mas tá valendo!!

O dia seguinte amanheceu chovendo, bem frio e nublado. Por alguns momentos achamos que não seria possível visitar o Parque, mas mesmo assim, movidos por forte intuição, fomos até a locadora de carros retirar o automóvel que tínhamos  reservado. Tentamos ligar para o Parque mas ninguém atendia e no escritório que gerencia o Parque em Ponta Grossa, ninguém sabia dar informações, mas que acreditavam o Parque estar aberto por ser segunda-feira e ele só fechar às terças-feiras, para manutenção.

O pessoal da locadora Movida foi muito legal com a gente e nos alugaram um excelente automóvel, dividindo no cartão o valor da diária. Saímos com um Ford Ka sedan 2015 com apenas 8km rodados e tanque cheio. Fino demais!!

 
 Outro dia tirei foto do painel do meu carro porque estava com o tanque cheio e queria ter este momento gravado. Aí vamos a Curitiba e a locadora nos entrega um carro com 8km rodados. Tive que fotografar!! Dirigir em Curitiba é três vezes mais fácil que em BH. O pessoal é bem melhor no trânsito do que os daqui. Gostei!

O Parque de Vila Velha fica no meio da rodovia que liga Curitiba a Ponta Grossa, a 80km de Curitiba e 20km de Ponta Grossa, literalmente no "meio do nada". Existe uma linha de ônibus urbano que sai de Ponta Grossa e vai até o Parque; e dizem que se pedirmos, os motoristas que fazem a linha Curitiba-Ponta Grossa param para a gente embarcar e desembarcar na porta do Parque. Preferimos não arriscar e descomplicar o processo. Duas passagens de ônibus ida e volta Curitiba-Ponta Grossa sairiam por cerca de 120 reais. O aluguel do carro, contando a devolução com tanque cheio de álcool ficou em cerca de 160, nos dando a liberdade de passearmos um pouco em Curitiba e entregarmos o carro no aeroporto. Caso contrário, ainda teríamos que conciliar o horário do ônibus Ponta Grossa Curitiba ao da rodoferroviária-aeroporto, o que significaria mais R$26 em passagens. Achamos melhor ideia alugar o carro e realmente é a grande dica pra ir à Vila Velha.
 Na estrada para Ponta Grossa há dois pedágios. No primeiro pagamos cerca de R$7 e no segundo R$10. Dirigir na BR-277 é muito fácil. A rodovia é toda duplicada no trecho Curitiba-Ponta Grossa e os motoristas correm bastante mas não dirigem tão mal quanto vemos na BR040 ou na Via Dutra, estradas que considero difíceis de dirigir pois exigem muita atenção e perícia ao volante. O trajeto pela rodovia até o Parque é muito agradável e a paisagem muito legal. Lembra em alguma coisa o cerrado mineiro, com longas planícies verdes e morros suaves.

Chegamos ao Parque!! Os arenitos que dão nome ao Parque estão no alto da montanha, bem ao fundo desta foto.

O Parque oferece dois itinerários de visitação guiada. Não há opção de visita sem o guia e as restrições quanto à manutenção do ecossistema do Parque são muito rigorosas. Por exemplo me chamaram à atenção por ter pisado na grama fora da trilha para tirar uma fotografia. Faz sentido, já que o intuito é manter ao máximo as características originais do ecossistema, o que inclui evitar que gente pisando a grama acabe por matá-la.

Um dos trajetos leva aos arenitos e o outro às furnas. Os dois são feitos por um microônibus e acompanhados por um guia que fala português, mas não outros idiomas. O trajeto aos arenitos custa R$10 por pessoa e para as furnas R$8. Estudantes, idosos e residentes em Ponta Grossa pagam meia entrada, ou seja, R$9 pelo passeio. Cada passeio dura em média 90 minutos.

Os arenitos são formações rochosas datadas de aproximadamente 340 milhões de anos. Os estudos sugerem que estas formações compunham toda a paisagem da região de Ponta Grossa na remota antiguidade (300 milhões de anos atrás) e com o passar dos tempos veio sendo erodida pelo ar e água, restando apenas os arenitos que visitamos.

O nome Vila Velha vem da tradução de termo análogo no idioma guarani (ou tupi?) dizendo respeito a uma antiga cidade secreta que ali havia. Segundo os nativos, na remota antiguidade existia uma Cidade Sagrada e Secreta na região dos arenitos. A entrada desta Cidade era guardada por um prestigiado Guardião da etnia Guarani. Um povo da etnia Tupi, interessado em tomar para eles a Cidade Sagrada enviou uma belíssima princesa para ser capturada pelo Guardião da Cidade Sagrada, seduzí-lo e traí-lo para que seu povo tomasse a Cidade Sagrada. Ao encontrarem-se, o Guardião e a Princesa apaixonaram-se fortemente e casaram-se sem a permissão de ninguém, deixando de lado suas respectivas missões. Imaginando terem atraído para si a ira de povos das duas etnias -guarani e tupi-, beberam juntos numa Taça de Ouro um licor vermelho que os mataria, para morrerem juntos e não serem assassinados pelo seu próprio povo.

Tupã, o amoroso Deus  do Trovão, emocionado pela belíssima história de Amor, onde o Dever foi deixado de lado por um motivo muito mais nobre, resolveu finalizar esta bela história petrificando a todos: ao casal de nativos, à Taça em que beberam, aos que os perseguiam e à Cidade onde havia a entrada para a Cidade Sagrada. Estas petrificações seriam os arenitos que podem ser visitados no Parque, que lembram as muralhas de um castelo ou cidade antiga (Vila Velha). A ideia de Tupã era eternizar esta história para que ela nunca fosse apagada. Tupã aproveitou e dissolveu o ouro da Taça e o levou por um rio subterrâneo até uma furna integrante do sistema, chamada "Lagoa Dourada". Dizem que pessoas sensíveis ainda conseguem ouvir a voz da princesa ecoando pelos arenitos e repetindo "tudo que quero é ficar contigo".

As formações rochosas induzem aos mais variados pensamentos. Vou postar as fotos mas não vou comentar muito a respeito para deixar cada um livre para pensar o que quiser a respeito. Infelizmente estava ainda muito nublado quando começamos a visitação e nem todas as fotos ficaram muito legais. O microônibus deixa a gente no início da trilha dos arenitos, que é feita a pé. Eles são bem grandes, alguns maiores que um prédio de 3 andares. Todas as fotos foram feitas com meu smartphone Nokia Lumia 735 e estão sem nenhuma edição. Vamos lá!












Chegamos a uma das petrificações mais famosas: o casal de nativos tupi-guarani cujo Amor levou Tupã a petrificar todo mundo. Conta-se que foram petrificados juntos, um olhando para o outro e assim ficarão para sempre.

Os rostos em perfil do casal de nativos que levou à petrificação da Cidade Antiga (Vila Velha). Seguimos em frente seguindo a trilha. Em cada ponto mais conhecido o guia parava e explicava alguma coisa útil. Bem legal!








 Dizem que as rochas do topo deste arenito são os chifrinhos que a gente do heavy metal faz com a mão \m/. Dizem que é o arenito do rock!! (um trocadilho da pior qualidade, mas como o guia não fala inglês, vamos deixar por isso mesmo...)

De qualquer forma, de 2004 pra cá o Parque está revitalizado e tem sido feito um enorme esforço para retorná-lo às condições naturais mais primitivas possível, com o menor impacto por atividade humana possível, incluindo no processo a retirada de vegetação exótica à região, como aquelas que foram levadas para a região quando não havia controle da entrada de pessoas no Parque e as pessoas literalmente faziam churrasco nos arenitos. Inclusive dizem que já teve um show dos Engenheiros do Hawaii exatamente onde tiramos essa foto. Triste por além de destruir o Parque, nada tem a ver com os chifrinhos. Mas ok, vamos em frente!!


Chegamos à famosa Taça!! Não parece, mas é um arenito enorme, facilmente da altura de um prédio de 3 ou 4 andares. Interessante que ela foi petrificada afastada dos nativos, sozinha, como se fora uma Protagonista também e não uma coadjuvante... mistérios....

Vamos em frente!


Inacreditável, mas realmente as pessoas ainda escrevem nos arenitos de 340 milhões de anos. São inscrições "mediocrestes", por assim dizer. Não chegam a ser consideradas arte rupestre, apesar da rudeza intelectual dos que fazem isso ser comparável à da humanidade primitiva que começou a riscar as paredes das cavernas.




 E ao final do passeio, assim que saímos da densa mata que envolve os arenitos... SOL!!!


A sensação de visitar estes arenitos é incrível. Há uma atmosfera e uma vibração diferentes do resto do Parque, além de impressionantes formações rochosas que tanto impressionam pela forma quanto levam nosso pensamento bem longe, vendo nelas as mais variadas coisas e seres petrificados. É um passeio formidável.  O sentimento é o de estar visitando um poderoso Santuário em atividade, sentindo toda a vibração do Ambiente Sagrado.

O segundo passeio vai até as furnas, que são imensas crateras que gradualmente vão sofrendo um processo de erosão até tornarem-se lagoas. Umas comunicam-se às outras por meio de canais subterrâneos por onde passa a água da chuva, das nascentes, dos rios e dos aquíferos subterrâneos. O microônibus leva a gente até às furnas e depois à lagoa dourada. Todo o tempo fomos acompanhados por um guia do Parque. Sem ele, não somos autorizados a realizar nenhum passeio. Existe um passeio noturno que precisa ser agendado previamente com eles e deve ser muito interessante.

 Uma das furnas! São 58 metros  da superfície até o nível d'água e mais 52 (no mínimo) de coluna d'água.

 No passado explorava-se carvão mineral nesta furna e por isso foi construído um elevador de carga, felizmente desativado há décadas. No alto a gente vê uma faixa de grama verde bem clara, que é a superfície (chão).

 Outra furna imensa, mas já em processo mais avançado de erosão. As árvores vão crescendo e se adaptando ao entorno da furna de maneira fascinante. Antes da mudança na gestão do Parque as pessoas arrancavam e queimavam estas árvores, facilitando o processo de erosão e assim destruindo a furna.

 A Lagoa Dourada! Ela fica a alguns km dos arenitos, do outro lado da rodovia. No passado era uma enorme furna. As camadas de sedimento das paredes da furna foram erodindo e acumulando ao fundo da lagoa. O resultado é uma lagoa de água muito cristalina e pouca profundidade devido aos sedimentos em seu leito.

 As águas são bem claras devido à forma como chegam até a lagoa - passando por diversas camadas de rocha, que atuam como filtros, deixando a água bem clara.

E na hora de ir embora, o tempo fechou. Na verdade, ficou aberto apenas enquanto fizemos as duas visitas, cada uma durando 90 minutos. Vale muito a pena!!!

Na volta para Curitiba, já em direção ao aeroporto resolvemos jantar no bairro da Santa Felicidade, que dá nome a um vinho bem barato. Para nossa infelicidade muitos dos restaurantes estavam fechados e acabamos comendo em uma confeitaria-lanchonete que tinha um preço muito bom: 29 reais por pessoa para o buffet livre (caldos + saladas + tortas + doces + refrigerante, água, café, chocolate quente ou capuccino). Olha só:



 "Quirera" é o que aqui em MG conhecemos como "canjiquinha com costelinha suína e bacon". Bem saboroso. E no final, "Eslava" é o que aqui chamamos de "strogonoff de carne bovina". No caso o deles estava muito bem feito, mas tinha um detalhe peculiar: batatas palito cozidas no molho junto com a carne. Esquisito, mas estava gostoso!!

 Um monte de tortas e doces incluídos nos 29 reais, assim como as bebidas.

Eis  o lugar onde tal magia acontece. Podia ter um lance desses aqui em BH! Uma coisa que gostei no Paraná foi a facilidade em se encontrar comida bem temperada e bem feita num custo acessível. No RJ ou SP a gente pena pra conseguir achar um bom custo-benefício. Aqui em BH não é nenhuma maravilha, mas em Curitiba e arredores ou as pessoas cozinham melhor, ou simplesmente demos muita sorte. Gostei e queremos voltar e explorar um pouco mais da gastronomia curitibana e outros atrativos turísticos.


Me despeço por aqui com uma cumbuca de estrogonofe de carne com batata cozida. No mais adoramos passear por Curitiba e pelo Paraná. As pessoas são muito diferentes da gente aqui em BH e por um lado isso é bom, pois parecem ser menos agitadas do que somos aqui e melhor organizadas. Nos pareceram ser um pouco mais distantes do que as gentes não daqui de MG, RJ e Nordeste, o que pode ser bom ou ruim, dependendo do ponto de vista.

No geral, adoramos o passeio e assim que pudermos retornaremos para explorar um pouco mais esta bela capital do Paraná e arredores.

Valeu!!!

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Dois dias na Ilha do Mel/PR

Oi gente!!

Este final de semana resolvemos visitar uma região do Brasil que ainda não conhecíamos - o Paraná.

Eu não fazia ideia de que Curitiba era tão perto do litoral. A Ilha do Mel fica no município de Paranaguá, a uns 100km de Curitiba. Pra gente, de Belo Horizonte, já era uma coisa impensável visitar o litoral do Paraná; e duplamente impensável uma Ilha tão formidável e tão perto de Curitiba.

O nome Ilha do Mel tem várias origens. A que mais gostei é que havia um casal de nativos cujo amor era proibido por suas famílias - Jurema e Acauã. Em segredo se casaram, mas como as famílias não estavam a par da situação, não tiveram direito a uma lua de mel. Tupã, um Deus poderoso, mas muito amoroso, comovido pela história de Amor dos dois lhes disse "não tiveram uma Lua de Mel, portanto vou lhes dar uma Ilha de Mel". Existem outras origens, mas nenhuma definitiva. Esta e outras curiosidades super interessantes estão disponíveis no site da Ilha do Mel.


É um destino muito procurado por pessoas do Paraná e estrangeiros, sendo um tanto desconhecido fora do entorno de Curitiba e dos amantes de surf e trilhas. Atrai um monte de surfistas e amantes de trilhas do mundo todo e a todo momento encontramos estrangeiros e estrangeiras. Atrai um monte de casais, que ficam a passear pelas areais das praias em pares durante o dia e a noite. Curioso a lenda da Ilha do Mel se referir à ela como "Ilha da Lua de Mel" pois o fato é que encontramos casais aos pares por toda parte. Muito interessante.

O acesso à Ilha é controlado na alta temporada e livre na baixa temporada. Existe um limite de pessoas que podem ficar lá (5 mil, incluindo moradores e visitantes), o que passa longe de ser alcançado na baixa temporada. É um lugar muito romântico e nos deu a sensação de "ilha deserta e paradisíaca" em muitos momentos. Na alta temporada é importante entrar em contato com a pousada onde ficará hospedado e fazer o registro juntos aos órgãos de turismo competentes para ter o acesso liberado à Ilha, caso contrário, pode ser impedido de entrar para não exceder a lotação de 5 mil pessoas.

Não é permitido nenhum veículo automotor na ilha, a não ser os barcos/lanchas/barcas e outros veículos marítimos e um carrinho que recolhe o lixo. Não há nenhuma moto, carro, mobilete, walking machine nem nada automotor andando pelas trilhas da Ilha. Todos os trajetos são realizados a pé ou de bicicleta. Há diversos locais onde aluga-se bicicletas, mas não sei dizer o valor pois fizemos tudo a pé.

Anda-se MUITO a pé. Pra se ter uma ideia, de norte a sul da ilha facilmente caminha-se 7 ou 8km. Claro que existe muita coisa pra se ver e apreciar nestes 8km e nem todo mundo precisa andar tanto pra achar um lugar massa. Mas as distâncias são consideráveis e pessoas que têm dificuldade de locomoção podem passar apertados por lá. Os passeios são longos mas maravilhosos e a distância acaba sendo apenas um detalhe - desde que estejamos bebendo bastante água!!

Existem barcos fazendo os trajetos entre os três trapiches, ou seja, saindo de Nova Brasília e indo a Fortaleza ou Encantadas e vice-versa. Estes serviços custam 10 reais por pessoa. Há também táxi náutico a um custo de 50 reais por viagem, independente do número de pessoas a bordo.

Além de casais e pessoas com espírito aventureiro atrai um monte de pessoas em busca de um contato mais direto com a natureza, independente de idade ou origem. Encontramos turistas de diversas classes sociais, de gente pobre a outras bem ricas; de brasileiros a estrangeiros; de crianças pequenas e famílias a casais e idosos. Na alta temporada a Ilha deve receber um público ainda mais heterogêneo, o que é legal pois sempre há uma forma de se hospedar e curtir as praias.

Existem vários campings e vi gente acampando nas praias. Não sou fã de camping, então olhamos as opções de pousadas. Mas é totalmente viável acampar nos diversos campings que existem por lá, a maioria com estrutura básica - banheiro coletivo, rede elétrica. Há hostéis, pousadas e um ou dois hotéis, tudo bem rústico. Para acampar na praia não sei se é preciso alguma autorização especial, já que existe um posto policial por lá e atividades ilegais e ilícitas são fiscalizadas: de pesca ilegal a tráfico de drogas. Em geral achamos a Ilha bem segura, andamos por lá à noite e não sentimos que o ambiente fosse perigoso. Claro que em alta temporada, com muito mais gente na Ilha pode ser que o ambiente fique menos tranquilo, mas achamos em geral o ambiente extremamente calmo, tranquilo e o ritmo da vida e dos acontecimentos bem lento e desacelerado.


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E tudo começou assim: Aproveitamos uma promoção-relâmpago da Azul Linhas Aéreas e compramos duas passagens baratas para Curitiba (150 reais ida e volta, já incluídas as taxas de embarque). Um monte de outras companhias aéreas voam para Curitiba. A gente prefere a Azul e além disso havia uma promoção excelente, daí termos voado com eles até Curitiba. Depois disso descobrimos que um dos atrativos turísticos perto de Curitiba era a Ilha do Mel, adoramos a ideia, entramos em contato com as pousadas e organizamos nosso passeio. Aliás, este é o melhor caminho - nenhuma operadora de turismo que consultamos em BH (Azul Viagens, CVC, Tam Viagens, Flytour, Master Turismo) sequer sabia dizer algo a respeito da Ilha do Mel. Ou seja, a dica é: negocie você mesmo com a pousada!

O trajeto BH - Ilha do Mel é simples, mas composto por várias etapas. Fizemos assim (preço por pessoa e links para pesquisar preços e horários atualizados):

BH/Confins até Curitiba/Aeroporto: Azul Linhas Aéreas (R$75)

Azul Linhas Aéreas
Decolar.com - cotação e compra de passagens aéreas


Curitiba/Aeroporto até Curitiba Rodoviária: Ônibus Aeroporto-Rodoviária (R$13 - ônibus executivo)


 Ônibus Executivo Aeroporto-Rodoviária de Curitiba 
Horários do ônibus coletivo para o Aeroporto - Linha 208


Curitiba/Rodoviária-Pontal do Paraná: Ônibus de linha da Viação Graciosa (R$32)

Viação Graciosa


Paranaguá (Pontal do Sul)-Ilha do Mel: barca (R$15)

 Horários das Barcas para a Ilha do Mel

O trajeto ficou assim:

BH --> Aeroporto de Curitiba --> Rodoviária Curitiba --> Embarque para Ilha do Mel (Pontal do Sul) --> Ilha do Mel

Para voltar, utilizamos o mesmo trajeto e pagamos os mesmos valores acima:

Ilha do Mel --> Pontal do Sul --> Rodoviária de Curitiba --> Aeroporto de Curitiba --> BH


Vindo de outras cidades e chegando à rodoviária ou aeroporto de Curitiba é bem fácil chegar na Ilha do Mel. O ônibus da Viação Graciosa te deixa a uns 50 metros da barca que liga o continente à Ilha, numa região de Paranaguá chamada "Pontal do Sul" ou "Pontal do Paraná". Bem simples e se comprar pela internet já considerando os horários dos aviões, ônibus e barcas consegue-se ir sem parar do aeroporto à Ilha, descendo de um meio de transporte e já embarcando no outro.

Uma outra opção é alugar um carro ou moto e retirar o veículo no aeroporto de Curitiba. Lá existem lojas e garagens das principais locadoras. O processo de locação é simples e pode ser feito online, retirando o veículo no aeroporto assim que o vôo chegar. Existem diversos estacionamentos pagos em Pontal do Sul, perto do embarque para a Ilha do Mel onde as pessoas deixam os veículos estacionados e vão de barco para a ilha. A rodovia para Pontal do Paraná possui um pedágio, mas como fomos de ônibus não sei dizer qual o valor; mas a partir do pedágio que pagamos numa outra rodovia próxima a Curitiba, imagino que deva ser algo ao redor de 10 reais para um automóvel pequeno (carro). Alugamos um carro na volta à Curitiba pois realizamos um outro passeio na região e precisamos de carro. Os valores da diária para aluguel de um carro 1.0 com direção hidráulica e ar condicionado foram mais ou menos os seguintes:

Movida - R$120
Hertz - R$170
Unidas - R$130
Foco - R$80
Avis - R$106

Nós gostamos mais da Movida e alugamos um carro com eles. Super recomendado, mas claro, é a nossa opinião e provavelmente outras pessoas prefiram alugar em outras locadoras. Vou deixar três links para pesquisar diárias de locação:

Locadoras de Carro- Aeroporto de Curitiba
Aluguel de Carros Online - Rental Cars
Aluguel de Carros - Decolar.com

Ficamos numa pousada muito simples, mas que adoramos, chamada Pousada Nova Brasília. Cada diária saiu a R$100 com café da manhã incluído. No quarto havia uma cama de casal e um beliche e o valor diz respeito ao aluguel do quarto e não um valor por pessoa. A pousada e o café são muito simples (uma fruta, café, leite, pão de forma, mortadela, mussarela, geleia de morango e manteiga), mas feitos com muita atenção e discrição. Há outras pousadas, algumas cobrando 250 ou 300 reais por dia e que não parecem ser tão maravilhosamente superiores à que ficamos. A impressão que tivemos é que todas são bem simples e muito rústicas, mesmo as pousadas que cobram valores altos de diária, como R$450 ou mais. Os detalhes (ambiente da pousada, café da manhã, distância ao trapiche etc) que farão toda a diferença na hora de escolher um lugar para ficar. Achamos esta pousada utilizando o "Hotel Insite". Ligamos pra lá, conversamos com a dona da pousada e acertamos tudo. Na verdade, ligamos pra um monte de pousadas e sondamos informações, acho que é a melhor dica. As fotos dos sites enganam um tanto e normalmente as pousadas são bem menores e muito mais simples do que fazem parecer nas fotos da web.

Hotel Insite
Booking.com

Basta pedir pra procurar por "Ilha do Mel" e logo aparecerão os resultados das buscas. É bem simples. Há também várias promoções de compras coletivas para a Ilha do Mel, pode valer a pena!


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Abaixo fotos do nosso passeio. Todas foram feitas com o meu smartphone Nokia 735 e estão sem nenhuma edição. Vamos comentando cada passo do passeio nas legendas de cada foto.


Chegamos no Aeroporto Internacional de Curitiba. Na saída do aeroporto há duas opções de ônibus para a Rodoferroviária. Um Expresso que vai direto e mais rápido (R$13, leva 25 minutos sem trânsito) ou o coletivo (R$ 4, leva 45 minutos sem trânsito). Também há agências de locação de veículos com garagem bem perto do aeroporto. Fechando com eles ou trazem o carro até o aeroporto ou te levam de van até a garagem para retirar o veículo; e na volta te levam de van da garagem até o embarque. Na Rodoferroviária, pelo que entendi, também sai um trem para o litoral (R$60 por pessoa, vagão mais barato) operado pela Serra Verde Express. O trem sai de Curitiba apenas às 08:30h da manhã e leva umas duas horas para fazer apenas parte do trajeto entre Curitiba e a Ilha do Mel. O restante do trajeto precisa ser completado através de táxi, ônibus ou outro meio de transporte, alguns oferecidos pela Serra Verde Express a um custo adicional. O ônibus da Viação Graciosa sai da Rodoviária e vai direto ao embarque para a Ilha do Mel em duas horas de viagem. O trajeto não é tão lindo quanto o do trem, mas nos atendeu melhor pois tínhamos muito pouco tempo para o passeio.


Um mapa esquemático da Ilha do Mel. As três regiões mais povoadas são: Nova Brasília (Brasília), Praia das Encantadas (Encantadas) e Praia da Fortaleza (Fortaleza). Nestas praias existem pontos de embarque e desembarque  marítimo chamados de "trapiches". No mapa menor vemos a localização de Morretes e Antonina, localidades atendidas pelo Trem da Serra Verde Express. De lá é preciso seguir até Paranaguá de taxi, ônibus ou algum outro meio de transporte para tomar uma barca ou lancha para a Ilha do Mel. O ônibus da Viação Graciosa Vai até o Pontal do Paraná, região continental mais próxima da Ilha do Mel.

Ponto de Embarque para Ilha do Mel (Pontal do Paraná). Fica a 50m do ponto final do ônibus Curitiba-Pontal do Paraná. Ali compramos os bilhetes de embarque na barca para Ilha do Mel na hora do embarque. As barcas saem de hora em hora durante a semana (das 8 às 17h se estou certo) e de 30 em 30 minutos nos finais de semana e feriados. O trajeto custa 29 reais por pessoa, incluindo ai um bilhete de ida e volta à Ilha do Mel.

Embarque para Ilha do Mel. Há a opção de táxi náutico, a um custo bem maior que o da barca. 


A barca é parecido com um ônibus coletivo. Dá pra levar as malas sem problemas e o embarque/desembarque é bem tranquilo. O trajeto até a Ilha do Mel leva 30 minutos.



Chegamos!! Existem três regiões principais na Ilha do Mel: Mais ao centro, Nova Brasília; Ao Sul, Encantadas e ao Norte, Fortaleza. Da nossa percepção Nova Brasília é uma região mais simples e menos "hype" do que Encantadas e menos "hi life" do que Fortaleza. É um lugar simples, mas que abriga algumas pousadas mais sofisticadas também.
Este corredor que leva aos barcos é chamado trapiche. É um tipo de cais para embarque e desembarque na Ilha do Mel. Na Ilha não entra nenhum veículo motorizado, seja carro ou moto. Ou seja, por lá ou anda-se a pé ou de bicicleta. Assim, se você se hospedar a 4km de distância do trapiche, terá que carregar suas malas por 4km ou pagar para os carregadores levarem as bagagens para você, o que custa entre 30 e 70 reais dependendo da distância ao trapiche.

Quando chegamos estava bem nublado, mas nos outros dias fez sol. A gente não tinha entendido essa ideia de trapiche até chegarmos lá. A pousada que ficamos fica a 1 km do trapiche, à beira mar e puxamos nossas malas por 1km na areia pois não queríamos gastar R$30 com o transporte da bagagem. Duas boas ideias para próximos passeios - ou levar menos bagagem, já que lá estava mais quente do que aqui em BH (acredite se quiser!!) e poder andar com mais facilidade usando uma mochila ao invés de mala; ou hospedar-se numa pousada mais próxima ao trapiche, ou que tenha uma trilha para ela ao invés de termos que puxar malas pela areia da praia. Vivendo e aprendendo....


No dia seguinte à nossa chegada o céu abriu e fez muito sol. Não estava quente como no RJ ou Bahia, mas estava um pouco mais quente do que aqui em BH. Por aqui estava fazendo uns 23 graus e por lá talvez uns 26 ou 27. Eis a vista da porta da pousada onde ficamos, chamada "Nova Brasília".
Tempos atrás foi iniciado um trabalho de conscientização na Ilha e o resultado é que não vemos lixo em praia alguma. Eventualmente o mar traz alguma coisa ou alguém deixa alguma coisa, mas pode acreditar são casos isolados. Andamos por boa parte da Ilha e em todo lugar achamos água limpa, lixeiras e praias igualmente limpas, levando em conta que muitas apresentam forte presença de algas, plâncton e outros produtos marinhos que não são sujeira humana.

Uma trilha de conchinhas do mar!! Os moradores da Ilha criam mariscos e por toda parte encontramos as mais diversas conchinhas.
Fomos na baixa temporada (22-24 de maio de 2015) e a Ilha estava vazia (de turistas). O visual das praias é o da foto: muita natureza, pouca ou nenhuma construção humana. Sem barraquinhas, sem ambulantes, sem casas de praia, sem banheiros, sem chuveiro para tirar sal e areia do corpo nem nada do tipo. Muito céu, muita natureza, muitas ondas e a brisa do mar, que forma um lindo e denso spray de água do mar visível sempre que há sol.

O trapiche (ou "mini porto") de Nova Brasília. Alguns moradores da Ilha têm seus próprios barcos e lanchas; outros são de cooperativas que fazem o transfer até a Ilha ou de uma praia para outra da Ilha. E também há visitantes que trazem suas lanchas, jet skis e barcos, que ficam "estacionados" junto ao trapiche. A maré subiu e desceu bastante em todos os dias que estivemos na Ilha.

Há um monte de trilhas que passam por dentro da mata nativa. Há diversas indicações das direções, mas em meio a tantas trilhas às vezes a gente se perde. As distâncias entre as praias são consideráveis, mesmo cortando caminho pelas trilhas. Por exemplo, do trapiche de Nova Brasília até a gruta das encantadas são 6km de caminhada. Destes, talvez 2,5km dentro da mata e o resto pela orla. Os moradores da Ilha são muito legais e sempre nos explicaram por onde seguir nas trilhas. Além disso, o GPS do meu smartphone, por ser bem preciso e funcionar offline nos mostrou os caminhos pra chegarmos onde queríamos. Usei o Here Maps no Nokia Lumia 735 e mesmo sem nenhum sinal de wifi ou telefonia me localizava quase instantaneamente com exatidão e conhecia as trilhas dentro da Ilha do Mel. Fantástico.
A mata é bem densa, mas há alguns pontos de claridade. Mesmo sendo densa muito sol atravessa a folhagem das árvores e ela não fica escura de dia. Dá pra andar por ela sem nenhum problema. Não encontramos animais nas trilhas, exceto aves e mosquitos.
Uma das trilhas entre Nova Brasília e Encantadas. As trilhas são de chão batido com algumas pedrinhas. É muito rústico, mas dá pra caminhar tranquilamente. Muitas pousadas estão localizadas dentro destas trilhas, no meio da mata e pra levar as malas até lá há carregadores, caso não queira levar por conta própria a bagagem. O custo achei meio caro (entre 30 e 70 reais por trajeto). De novo - quando voltar vou de mochila levando roupas leves e minha vida será mais fácil.
Nas trilhas encontramos muitas conchas de mariscos. A maré alta talvez traga estas conchas até a trilha. Não cheira mal, nem tem aspecto de pântano. Tem muitos mosquitos, mas nada que um pouco de repelente pra pele não resolva com facilidade.
O tempo todo dentro das trilhas ouvimos o som da arrebentação das ondas do mar. É uma experiência formidável. Pra todo lado vimos água empoçada, creio que devido a chuvas ou efeitos pluviais do movimento das marés. De qualquer forma, não cheira mal e forma um espelho negro muito bonito. É interessante evitar algumas trilhas quando chove por formarem muito barro e ficar escorregadio. Isso os moradores da Ilha e os turistas te explicam sem nenhuma dificuldade. Fica a dica!
Saída da trilha. Chegamos à Praia Grande, após uns 60 minutos caminhando dentro da trilha.
Praia Grande. Parte do acesso para chegar à Gruta das Encantadas. A gente estava tão aflito pra chegar à famosa Gruta das Encantadas que nem entrou na água, que estava com uma temperatura e vibração ótimas. Se arrependimento matasse....

Praia Grande. Pena que a câmera não captou bem o denso spray de água do mar que acompanha o movimento das ondas arrebentando na praia. A gente achava que por ser 1000km ao sul de BH estaria mais frio do que aqui, mas estava, na verdade, mais quente. O clima estava bem agradável, mas acredito que no verão deva ficar muito quente!!
Para seguir pela orla é preciso atravessar uma barreira de rochas. Se a gente tivesse chegado ali uma hora antes, ao redor das 9 ou 10 da manhã, o mar estaria bem recuado e talvez a gente conseguisse atravessar o rochedo pela areia. Mas como a maré já estava enchendo um pouco, tivemos que atravessar pulando de rocha em rocha e passando pelas fissuras entre elas. Não é difícil, mas uma pessoa com dificuldade de locomoção talvez não consiga atravessar.
Passando o rochedo chegamos à Praia do Miguel. E de novo fomos surpreendidos por uma praia maravilhosa. Tem um pessoal que voa de parapente nesta praia, mas acredito que trouxeram seu próprio equipamento pois na Ilha não vimos onde alugar este tipo de equipamento e  nem guias para nos acompanhar nas trilhas.
Praia Grande vista a partir da Praia do Miguel. Na base do maior morro nesta foto está o rochedo que atravessamos e ao fundo, num outro morro, o Farol das Conchas. Tentamos capturar o belo spray de água do mar, que torna essa paisagem ainda mais formidável.
A última praia antes de chegarmos à Gruta das Encantadas era a do Mar de Fora e para chegar nela devemos atravessar o morro do sabão. É uma trilha de terra que quando molhada é um pouco escorregadia, mas nada mais perigoso do que o chão de um banheiro molhado ou coisa do tipo. Na foto, vemos alguém voando de parapente [É parapente mesmo? Sempre me confundo quanto ao nome deste esporte].
Chegando ao alto do Morro do Sabão, que separa a Praia do Miguel da Praia do Mar de Fora. Uma visão para lembrar sempre...
Vista do alto do Morro do Sabão, vemos a Praia do Mar de Fora. Impressiona pela forma como a natureza se organiza para formar os ambientes naturais e neles acolher as formas de vida. E pensar que muitas cidades litorâneas brasileiras eram assim no início, antes da atividade humana as modificar para sempre - Rio de Janeiro, Vitória, Santos, Guarapari, Cabo Frio etc. A mata atlântica existia do Rio Grande do Norte até o Sul do Continente e compreendia boa parte da orla brasileira: Bahia, Espírito Santo, Alagoas, Rio de Janeiro, São Paulo e assim vai... faz a gente pensar sobre a qualidade das alterações que fazemos na natureza e o quanto o que fazemos realmente é algo mais elegante ou bonito que o "design" natural. Evidentemente há questões sócio-históricas e de sobrevivência implicadas, mas ainda assim é algo a se pensar: se não seria bom se toda cidade litorânea tivesse preservado com todo cuidado ao menos um "jardim botânico natural" como o da foto.
Praia do Mar de Fora. A bandeira vermelha significa que a praia é perigosa aos banhistas e que devem tomar muito cuidado nela. Há um risco real de afogamentos e também há tubarões nesta parte da Ilha. Não há um vigia, ou guarda costeira, ou salva-vidas por perto e se acontecer algum problema, talvez o socorro chegue tarde demais. É bom tomar cuidado e não abusar. Mas sério mesmo? A nossa vontade era sentar e ficar olhando pra isso o resto do dia. E um monte de gente faz isso!  É bonito demais.
Praia do Mar de Fora. Ao fundo o morro onde encontra-se a famosa Gruta das Encantadas.
De volta às reflexões sobre a humanidade e o planeta Terra. Mesmo sem querer  alterar a paisagem, o simples fato de pisar na areia já cria uma pegada, que não aconteceria se a gente não tivesse pisado ali, criando um visual até certo ponto mais interessante do que a areia sem nenhuma pegada. E qual o limite de interferência que cabe à humanidade? Pergunta difícil de responder, mas que nem por isso não deve ser levantada.
Gruta das Encantadas. Dizem as lendas que era uma gruta onde existiam sereias, mas que foram embora após um bravo guerreiro se apaixonar por uma delas, que aceitou morrer para ficar com sua amada. E ela, por sua vez o levou para viver no fundo do mar, atraindo assim as demais sereias.
Uma rocha exatamente na entrada da Gruta das Encantadas. A sua cor combinada ao céu e mar é simplesmente incrível!
Gruta das Encantadas. O pessoal da Ilha disse que quando o mar sobe, ele enche a Gruta e ninguém consegue entrar. Quando a maré está baixa, dá pra entrar lá dentro. É uma gruta pequena e de um formato muito interessante.
Uma foto tirada quase no final da gruta, olhando pra fora.
Viemos almoçar na Praia das Encantadas. O padrão de restaurantes é simples, assim como em Nova Brasília, mas parece ser uma região mais "agitada", apesar de o clima geral da Ilha ser extremamente calmo. No trapiche de Encantadas a gente pegou um barco que leva de uma praia a outra, ao custo de 10 reais por pessoa.
De volta à Nova Brasília, resolvemos ir até o Farol das Conchas, visível bem ao fundo da foto.
Novamente atravessamos um monte de trilhas dentro da mata, passando em frente e ao redor de várias pousadas e restaurantes. O padrão de todas elas é bem simples e rústico. No meio do caminho, sempre ouvindo o maravilhoso som das ondas do mar, encontramos lindas paisagens como a desta foto.
Após um tempinho nas trilhas subimos um caminho de pedras com dezenas de degraus chegando ao Farol das Conchas, de onde vê-se de um lado a região de Nova Brasília (região de terra mais baixa, exatamente ao meio desta foto no horizonte) e Fortaleza (estaria à direita no horizonte da foto mas não coube na abertura da lente da câmera) e do outro lado as praias que tínhamos visitado para ir até a Gruta das Encantadas.
Do outro lado do Farol vemos no horizonte o Morro do Sabão e no primeiro plano a Ponta do Joaquim (o morro em primeiro plano na foto). Nossa trajetória pela orla até a Gruta das Encantadas começou atrás deste morro em primeiro plano, onde saímos da trilha pela mata e seguimos pela orla, seguindo até o horizonte e além (literalmente).
Do mesmo ponto onde foi tirada a foto anterior, olhando para o lado direito fizemos esta belíssima imagem do pôr do sol, que não atinge o horizonte pois esconde-se antes disso entre as montanhas no horizonte, imperceptíveis nesta foto e até mesmo a olho nu. Venta bastante, mas ninguém saiu dali até o sol se deitar.
Farol das Conchas, que não funciona mais, infelizmente, nem permite ser visitado por dentro.
Farol das Conchas, com o sol já se despedindo no horizonte às costas do fotógrafo. As trilhas não possuem iluminação e é inteligente levar lanternas. Pode ser uma lanterna de LED das mais simples, desde que ilumine bem, pois dentro da mata, à noite, é bem escuro.
No dia seguinte resolvemos ir conhecer a Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres, que fica na praia de Fortaleza. Passamos por algumas casas à beira-mar e talvez o único hotel da Ilha, que é o da foto. É também uma das construções mais altas (dois pavimentos) e uma das raras em concreto. As casas e pousadas na Ilha são de madeira, bem rústicas.
Quase chegando à Fortaleza! Infelizmente estava nublado na manhã em que fomos lá. Ao horizonte, no morro mais à esquerda encontra-se o Farol das Conchas.
A Fortaleza foi construída em 1769 para defender o porto de Paranaguá. Hoje em dia está aberta à visitação e é bem interessante. O caminho para chegar até ela é feito pela orla, tranquilamente. O único inconveniente é atravessar um córrego bem ao lado da Fortaleza. Ele é bem rasinho (a água dele se mistura à do mar no nível da areia da praia), mas a cor e cheiro não nos agradou.
E a gente ficou pensando - na época o pessoal achava esse trambolho uma arma da maior tecnologia. Deve ter levado um bom tempo pro engenheiro conceber o projeto e construir o canhão e na época era tecnologia de ponta. Será que no futuro as pessoas vão olhar os restos das nossas modernas aeronaves e pensar "que coisa primitiva"? Acho que sim.
Praia de Fortaleza, onde fica um dos três trapiches (mini portos) da Ilha. Nos deu a impressão de ser um ambiente mais caro e algo mais requintado, apesar de tudo na Ilha ser muito rústico.
Praia da Fortaleza, numa manhã de domingo com o céu nublado. Ahh se o sol tivesse saído....
Voltando para a pousada em Nova Brasília. Foto tirada ao lado da Fortaleza, olhando para o Farol, no morro à esquerda no horizonte da foto.
A vida é algo sensacional. Mesmo onde há morte, na verdade há vida. Daí os arsenais nucleares e outras formas de destruição em massa serem tão ruins. Exatamente porque não permitem que a morte gere vida. É a morte pela morte. No caso da foto, um tronco de árvore morto tornou-se a casa de vívidas algas marinhas.
No caminho de volta passamos entre as casas dos moradores da Ilha e encontramos uma escola municipal.
Uma das coisas que mais nos encantou no passeio foi a forma como a humanidade está integrada ao ecossistema da Ilha. Diferente das cidades, onde derruba-se toda uma floresta e constrói-se um bairro residencial, na Ilha, em função do tombamento dos recursos ecológicos e naturais, as casas se organizam junto às árvores. Entre uma clareira e outra as pessoas construíram casas de madeira e muitas delas são, também, pousadas. É tudo muito rústico, é simples e sem luxo ou confortos usuais como asfalto e sinal de telefonia. Mas por outro lado é um contato muito direto com a natureza, tanto nas inúmeras áreas de camping quanto nas pousadas, seja à beira-mar, seja dentro da mata.

A pousada em que ficamos é muito simples e rústica. Tinha banheiro,  refrigerador e ventilador no quarto, mas não tinha nem TV nem ar condicionado. Não estava muito quente e o ar condicionado não fez falta. E como a pousada fica à beira-mar, escuta-se o barulho das ondas o tempo todo. E sinceramente, acho o som das ondas muitas vezes mais agradável do que a voz do Ratinho ou William Bonner. TV não fez falta.

Há muitos pernilongos e mosquitos na Ilha e eu recomendo levar na mala algo para espantar os insetos. Eu gosto de usar aqueles elétricos que vêm com um reservatório de produto anti-inseto (tipo Raid Protector), mas poderia ser qualquer outro. Se trouxer algo assim na mala, tome cuidado para fechar bem o reservatório de líquido anti-inseto pois ele vaza com muita facilidade. Ele vem de fábrica com uma tampa de rosca que é retirada para utilizar no aparelho elétrico. Basta recolocar a tampa de rosca, fechar com cuidado e trazer as duas partes bem embaladas na mala despachada. Negócio fechado, nada de insetos na hora de dormir.

Outra excelente ideia é levar uma bebida ou algo legal para curtir os momentos na Ilha, como um bom vinho, por exemplo. Tomando o cuidado de não deixar lixo na praia, o que é bem simples já que tem lixeira pra todo lado.

Nas trilhas encontramos algumas pousadas e restaurantes, umas mais sofisticadas, outras menos. Em geral é tudo bem rústico, mas muito acolhedor. E o som maravilhoso das ondas do mar por todos os lados...
 As casas e pousadas na Ilha são como as desta foto - feitas em madeira, pequenas, poucos quartos, bem rústico. Algumas oferecem ar condicionado, outras TV e assim por diante. É importante ver tudo isso antes de fazer uma reserva, mas em geral são todas bem rústicas comparadas aos hotéis e pousadas mais simples que encontramos nas capitais.
 As trilhas possuem alguma sinalização e os moradores da Ilha são muito gentis e acolhedores. Existem diversas outras trilhas que não tivemos tempo de fazer, assim como outras praias que não tivemos tempo de visitar. Vale a pena!!
 Almoçamos e jantamos nos restaurantes da Ilha. Existem pratos feitos simples e bem saborosos  a um custo médio de 13-15 reais cada, disponíveis nos restaurantes mais simples. Vem arroz, feijão, uma opção de carne, salada e batata frita (ou macarrão, farofa). Existem diversas outras opções, até mesmo pizzarias, alta gastronomia e um restaurante japonês pelo que lembramos das trilhas. O preço não é barato mas não é extremamente abusivo. O melhor custo-benefício sem dúvida são os pratos feitos, que alimentam bem e não custam tão caro. Muitas pousadas te deixam levar comida e bebida para os quartos, dando a chance de comprar os alimentos antes de chegar à Ilha. Na Ilha existem alguns bares e pequenas mercearias que vendem alimentos e produtos de limpeza. E principalmente - ÁGUA!! O sol pega forte, a gente anda muito a pé e água faz toda a diferença.


Espero que tenham gostado e fica a nossa dica de um passeio muito interessante. Valeu!!