Hoje é dia de despedida! Ou "até breve" como eu costumo dizer.
Já estou de volta a Belo Horizonte e hoje escrevo o último post relativo à nossa viagem ao Roncador. Apesar de ser o post com mais imagens (69, ao todo), hoje quero falar um pouco sobre a parte mais surpreendente da nossa viagem: as pessoas.
Eu já postei algumas fotos uns anos pra trás, neste mesmo blog, sobre nossa viagem à Curitiba/Ilha do Mel/Parque de Vila Velha e pretendo postar outras fotos retroativas de viagens anteriores a locais maravilhosos no Brasil. Este país formidável não pára de nos surpreender, cada vez oferecendo paisagens e experiências ainda mais incríveis que as anteriores, mas apesar de toda a imponência da natureza matogrossense, o que nos chamou muito à atenção foram as pessoas. Eu poderia sair fotografando as pessoas mas isso poderia gerar, no futuro um enorme problema, pois para que a foto de alguém seja publica é preciso uma declaração de direitos de imagem, a não ser se tratar de foto de uma multidão, por exemplo. Portanto, por mais que eu quisesse trazer os rostos das pessoas para este blog, isso poderia acabar trazendo problemas pois talvez nem todos gostem de Eubiose; nem queiram ser associados ao que publico por aqui. Portanto, vou contar algumas histórias dobre as pessoas da região com quem conversamos e acredito ao final do post vocês entenderão bem porque o que tange às pessoas nos despertou tanto interesse.
Eu realmente não me lembro quando começou um tipo de procedimento estético (creio que à base de toxina botulínica) que estica as pálpebras e faz a pessoa ter uma permanente expressão de nojo ou desprezo. Se você abrir aleatoriamente o FB ou Instagram vai encontrar uma tonelada de pessoas fazendo essa pose esquisita e artificial, simulando algo como um "olhar de superioridade". O mesmo para rapazes, sobretudo os que querem parecer mais jovens, muito falantes, agitados - sem foco. Parece que a gente está falando com uma máquina geradora de frases automotivacionais onde a cada "oi, bom dia" ela gera aleatoriamente alguma citação oriunda de algum livro de autoajuda mal escrito.
Você já tentou se aproximar desse tipo de gente e conversar com calma? Já tentou chegar perto daqueles homens que se dizem super ocupados, nunca te olham de frente quando falam com você, estão sempre te cortando porque "seu tempo é curto para tudo que precisam fazer", nunca te deixam completar um raciocínio, te deixam falando sozinho, nunca respondem algo que não seja uma frase de efeito e estão sempre e todo sempre a tirar selfies?
Já tentou conversa com uma dessas meninas que partiram pro botox ou maquiagem pesada e design de sobrancelhas de modo a ter uma expressão de "superioridade"? Dessas que vivem digitando no smartphone com a unha, coluna sempre ereta numa postura que lembra alguém prendendo a respiração, sempre olhando em volta delas pra ver se alguém está reparando, que tiram 8 a 9 selfies por prato de comida que pedem?
Pois é, infelizmente esse tipo de atitude do "fala com a minha mão" tem sido cada vez mais frequente ao menos aqui em Belo Horizonte. As pessoas anteriormente acolhedoras e amigas estão pouco a pouco se transformando em gente não muito memorável. As relações entre as pessoas têm sido cada vez mais frias e parece existir um abismo entre pessoas teoricamente próximas, como colegas de trabalho e familiares.
Porém viajando pelo Roncador reencontramos algo que era comum quando criança em BH lá nos anos 1980 - crianças puras, de certo modo muito inocentes, brincando e agindo como crianças e não "mini pré-adolescentes"; pessoas amigas, atenciosas, andando pela rua com calma, sem maquiagem pesada, conversando e criando laços mesmo com pessoas estranhas. Isso não é carência nem clientelismo: é verdadeiramente o que nós humanos somos - pessoas acolhedoras e hospitaleiras. Assim começo esta longa postagem onde mostrarei (no intuito de evitar problemas) fotos dos lugares, mas quero falar das pessoas e dos mundos que existem dentro do mundo em que vivemos. Este grande mundo chamado Brasil.
Primeiro, algumas fotos do hotel onde nos hospedamos em Nova Xavantina. Fica a dica para uma hospedagem muito legal e bem parecida com o que temos nas grandes cidades e praias mais turísticas do Brasil.
Para cada bloco de fotos vou contar uma historinha real. Chegando no hotel o funcionário da recepção foi extremamente atencioso conosco. Diferente do que ocorre em outros lugares (sic) ele não foi "impessoal e eficiente". Ele foi amigo e compromissado em nos ajudar. Sorria muito e conversava conosco como se já fossemos conhecidos. Ao longo da hospedagem (3 dias), ele e os outros funcionários do hotel memorizaram qual o número do nosso quarto e só de chegar na portaria já estava em mãos a chave do quarto, sem dizermos nada. Pedimos para trocar uma lâmpada e foram bem rápidos e prestativos. Quando algo acabava no café da manhã falávamos com as cozinheiras e rapidamente elas repunham, mas além disso, elas nos ouviam. Não pareciam as pessoas que conversamos mundo afora onde parece que vão nos morder preventivamente antes de serem mordidas. Em nenhum momento senti pessoas "na defensiva", bem ao contrário. E quem vos fala é bacharel em psicologia e disso tenho certeza: o pessoal estava sendo verdadeiramente acolhedor.
Nossa amiga que viajou conosco e seu esposo ficaram esperando a gente tomar banho para sairmos. E neste período meio que espontaneamente começaram a conversar com um dos rapazes da recepção e ele disse que mudou-se de Goiânia para Nova Xavantina porque cansou de ser assaltado em Goiânia. Disse que foi a melhor decisão da sua vida e sua família também mudou-se pra lá, assim como diversos amigos estão fazendo, fugindo da violência e baixa qualidade de vida das capitais. Eu resumi em uma frase a longa conversa que tiveram, pois conforme nos foi relatado, o rapaz conversou detidamente falando sobre o seu processo de mudança para lá. Bacana!
Agora vamos falar um pouco sobre Eubiose. Em 1941 o Professor Henrique José de Souza começou a falar sobre o Roncador (que na época era literalmente "tudo mato") e sua importância para a evolução da Mônada. Ele desejava que nós, da SBE fôssemos viver no Roncador e lá desenvolver cidades seguindo as ideias trazidas por ele, como grande Revelador que foi. Isso só veio a esboçar acontecer em 1971, com uma excursão organizada pela SBE que deu origem ao que hoje em dia é o Templo da SBE em Nova Xavantina, inaugurado definitivamente em 1977. Em Nova Xavantina a SBE é muito reconhecida por esta e algumas outras obras, mas nas outras cidades ligadas ao "mistério" do Roncador, não têm tanta força assim.
Desde 1976 acontecem encontros de eubiotas em Nova Xavantina, nas chamadas "Convenções de Eubiose em Nova Xavantina", assim como em julho, anualmente ocorre a "Caravana dos Dhyanis Planetários" em todo o Sistema Geográfico do Roncador. Em 2018 a Convenção aconteceu mais ou menos no período em que estávamos lá e abaixo estão algumas fotos do evento.
Em 1949 (ou foi 1948?) o Professor Henrique José de Souza organizou o encontro nacional de eubiotas, que se tornou "Convenção Internacional da SBE". O seu propósito era reunir os membros da SBE numa cidade-sede de algum Sistema Geográfico (Sul-Mineiro, São Lourenço; Itaparicano, Vera Cruz; Roncador, Nova Xavantina) durante alguns dias para que houvesse um intercâmbio entre os membros da SBE, além de palestras, jantares e eventos para maior fraternidade entre os membros da Instituição. Anualmente este encontro ocorre em São Lourenço/MG, em fevereiro. E bienalmente em Nova Xavantina (agosto, anos pares) e Itaparica (setembro, anos ímpares). Costuma ser um evento bem grande em São Lourenço contando com centenas de convencionais vindos de diversas partes do Brasil e exterior, mas algo menor no Roncador devido às distâncias a serem vencidas por muitos para chegarem até lá.
Nesta Convenção foi organizado um espaço ao lado do pavilhão onde ocorriam as palestras (em frente ao Templo), onde alguns membros da SBE vendiam materiais oficiais (como camisetas, colares, pulseiras etc) e algumas pessoas do local organizaram um bar. O clima era o de um almoço em família, debaixo de enormes mangueiras onde era servido um prato bacana de galinhada por R$15. O pessoal da barraca era super atencioso e ficavam passando de mesa em mesa querendo saber se precisávamos de mais alguma coisa. Toda vez que falávamos com alguém a pessoa parava e prestava muita atenção no que estávamos dizendo. Pra gente isso foi um alívio pois gostamos desse clima acolhedor, mas é preciso ter em mente que uma parte grande das pessoas detesta este tipo de coisa, tanto que estão enfiadas até o pescoço nos "eu-mesmismos" que têm feito tanto mal à humanidade. Não é um local para todos, definitivamente.
Durante o almoço conversamos com uma jovem senhora que mudou-se recentemente de SP para Barra do Garças, porque viu num vídeo sobre Eubiose no YouTube que o Sistema Geográfico do Roncador representa o futuro. Ela conta que fazia 20 dias que estava morando em Barra quando caiu da cadeira e quebrou a perna. Ela chamou por socorro e um vizinho (que ela nunca tinha visto) se ofereceu para levá-la ao hospital, carregando-a no colo até o carro e ficando ao lado dela té o médico engessar a sua perna. Além disso, a dona da casa onde estava morando pediu que a sua empregada passasse a limpar a casa dessa nossa amiga enquanto ela se recuperava, além de fazer comida para ela e ajudá-la a se vestir e tomar banho durante este período. Mais ou menos esse é o clima dessa região e segundo ela, as pessoas que se mudam pra lá ou entram no clima ou desistem da ideia.
Quando estávamos no Parque de Águas Quentes em Barra, conversamos com diversos moradores e todos foram muito receptivos, nos contaram histórias da região e elogiaram inúmeras vezes a sua cidade. Estão muito empolgados com o desenvolvimento da região e felizes por estarem recebendo pessoas jovens que desejam mudarem-se para lá. No dia que eu cheguei postei no Instagram uma foto no aeroporto de Barra e rapidamente um vereador da cidade curtiu meu post - no seu perfil há inúmeras chamadas para pessoas que desejem empreender, para que venham morar em Barra do Garças; vi inclusive um vídeo institucional da prefeitura reproduzindo este discurso e sinceramente, acho que antes de sair do Brasil as pessoas deveriam dar uma chance ao interior do Brasil.
Ao menos por lá no Roncador parece ainda ter espaço para quem quer empreender ou mesmo trabalhar como funcionário em alguma empresa. Grandes redes têm se interessado pela região e em breve as Lojas Americanas e as Pernambucanas estarão por lá, além das empresas do ramo agrícola, concessionárias de veículos, construção civil e outras ligadas aos bens de consumo e serviços que o desenvolvimento das cidades normalmente atrai, como Carmen Stefens, Cacau Show, Havan, CVC, etc. Aparentemente também há diversas vagas de concursos para aqueles lados.
Nascer do sol; ou pôr do sol?
Resolvemos ir até Campinápolis para conhecermos mais uma cidade do Sistema Geográfico do Roncador. É uma cidade bem pequena e interiorana, que fica a cerca de 60km de Nova Xavantina, por um acesso bem cuidado e asfaltado. É uma estrada estreita, de mão dupla, mas bem tranquila.
Representação da SBE em Campinápolis.
Bem diferente de Barra do Garças ou Nova Xavantina, Campinápolis é uma cidade verdadeiramente interiorana que nos faz lembrar as menores cidades do interior de MG. Ainda assim, algumas avenidas super largas e duplicadas trazem à tona a identidade do local - um misto de grandiosidade, intimidade e "no futuro isso aqui vai ser imenso". Campinápolis é onde encontramos a maior quantidade de indígenas da região e por toda cidade vemos muitas pessoas de diferentes etnias Xavantes falando um misto de português e do seu idioma natal. Assim como a maioria dos que lerão este post, eu também tinha uma ideia bem bobinha sobre as etnias indígenas, mais ou menos baseado no que vemos no desenho do Pica Pau.
E isso não é piada.
A verdade da organização social e cultural indígena, no caso a Xavante é infinitamente mais complexa do que se possa imaginar num primeiro momento e na nossa passagem pelo Roncador ouvimos diversas histórias sobre estas pessoas. Vou resumir algumas num só parágrafo pra gente ganhar tempo.
Bom, primeiro é preciso abandonar a ideia boba de que o indígena vive no meio da selva andando nu e comendo mandioca. Estamos em 2018 e muita coisa mudou do tempo de Cabral pra cá. Os indígenas mantem parte de sua cultura mas também adotaram muitos elementos da cultura não-indígena. Dizer que o Brasil é uma cultura de brancos é uma piada do pior mau gosto, por isso não digo "brancos e indígenas". Contudo, apesar das roupas, carros e celulares, especialmente os indígenas que vivem nas aldeias ainda mantém uma forte dose de cultura nativa, o que é esperado visto que após tantas gerações de indígenas, exista uma linhagem genética que os predisponham a agirem de determinada maneira, que por sua vez é parte de sua cultura.
Por exemplo, são comuns os relatos de indígenas muito alterados por conta de bebida alcoólica. É consenso na região que o indígena não deve beber álcool pois ele possui um efeito muito mais forte no seu corpo do que no nosso, por exemplo; e pouca dose de bebida, que em nós não causaria nada, neles causa verdadeiros surtos de comportamento selvagem e agressividade. Por este motivo (fisiológico) que é possível a eles treinarem seus pajés, o que é feito através de rituais e preparações farmacêuticas que talvez não nos fizessem nenhum efeito, mas à sua sensibilidade herdada geneticamente ao longo de inúmeras gerações... propicia o desenvolvimento das habilidades que um bom pajé deve possuir. O mesmo para os caciques, que segundo contam, "nascem caciques", isto é, algumas crianças desde pequenas já demonstram forte capacidade de liderança e organização e são considerados "caciques em potencial", mesmo não sendo filhos dos caciques.
As relações dos indígenas com não-indígenas são regidas, dentro das aldeias, pelas regras dos indígenas e são frequentes os casos de pessoas aprisionadas por eles, por diferentes motivos. Alguém que os tenha causado mal, como no caso de uma pessoa que deixou o carro sem o freio acionado e por acidente infelizmente o carro atropelou uma criança indígena; um procurador da república que ficou aprisionado por ter ido visitar a tribo sem a devida cautela de ir com um guia, sendo mantido refem até a chegada da polícia federal, no intuito de conseguirem dele algo - indígenas alcoolizados; a estrada de acesso que foi bloqueada com um tronco de árvore porque pessoas foram visitar a tribo e levaram pão e os indígenas não os deixaram sair (porque gostaram do pão e queriam que a pessoa fizesse mais pão). Dizem que se você oferecer um copo de suco ao indígena e ele aceitar, o copo passa a ser dele. São coisas assim que por um lado desestimulam a conhecê-los mais de perto, mas por outro lado mostram a enorme complexidade e riqueza de sua cultura, diferente da nossa, mas que manteve-se viva por milhares de anos, enquanto a nossa está mensalmente em crise. E no mês seguinte muda para uma outra crise. Coisas pra se pensar...
Voltamos à Nova Xavantina para dar uma volta pela cidade... e seu maior atrativo turístico, além das 72 cachoeiras da região: a praia de rio.
Nova Xavantina é uma cidade muito calma e pacata, a bem dizer. É uma típica cidade interiorana, onde as ruas ficam desertas nos finais de semana, mas as pessoas ficam conversando nas portas das casas vendo o dia passar. Não existe agência da Caixa Econômica Federal nem muitas comodidades que se encontra em Barra do Garças, mas para quem procura um lugar pacífico e tranquilo, tá aí uma grande dica. E faz calor! 32 graus durante o dia, em média, quando estivemos lá e 22 à noite. No verão dizem fazer 44 graus durante o dia e 29 à noite.
Além das 72 cachoeiras, o grande atrativo turístico de Nova Xavantina é a praia de rio, para a qual foi construída uma estrutura de lazer que nos fez lembrar das barracas de praia de Porto Seguro, como TôaTôa e Axé Moi. Existe um palco, restaurante e arquibancada para curtir a praia, onde imagino deva acontecer eventos importantes como o reveillon. O local oferece amplo estacionamento e uma piscina cuja água é canalizada a partir de uma mina de água nas proximidades. Na foto dá pra ver o pessoal se divertindo na piscina e também utilizando jet ski.
Sorvete "moreninha" vem com um apito (???)
No dia em que chegamos em Nova Xavantina fomos comprar água. E no supermercado eu tive que interromper a atendente do caixa pois do nada ela e o rapaz que embrulhavam as compras começaram a conversar comigo sobre diversos assuntos. Se eu não tivesse cortado a conversa, estaria falando com eles até agora. Achei engraçado como as pessoas da região relacionam-se com facilidade e o quanto são tranquilas. Elas possuem uma força difícil de descrever, imagino que devido a viverem num local tão formidável em termos de energias como Fohat e Kundalini e alimentarem-se daquilo que brota naquelas terras, ou delas alimenta-se como o gado. No restaurante, ao perguntar para a dona se ela conhecia "Eubiose" fiquei mais uns 20 minutos ouvindo as suas histórias sobre as suas filhas, já que algumas foram consagradas na SBE e outras não. Novamente, a sensação era de que se eu ficasse conversando com elas, estaria até agora falando sobre diferentes assuntos. Os preços das coisas do dia-a-dia em Nova Xavantina é ou parecido ou menor que em Belo Horizonte. Conversamos com pessoas que mudaram de RJ e SP para lá e todas nos disseram que o custo de vida é muito menor do que nas capitais, pois os aluguéis são mais baratos, a cidade é menor, portanto não se gasta muito com combustível e o preço das coisas é em geral mais baixo que nos grandes centros.
Em Campinápolis também foi um pouco assim, mas em escala muito menor, sobretudo relativo aos indígenas. Eles são muito desconfiados e não relacionam-se muito com as pessoas não-indígenas. Estão sempre concentrados nos seus afazeres e parecem não dar importância a quem esteja ao seu redor. Mesmo assim pedimos à dona de um restaurante (não-indígena) se poderia nos indicar alguém que fizesse artesanato indígena e ela prontamente conseguiu uma menina para nos levar à casa de uma família indígena que produzia alguns objetos de artesanato.
Bebidas da região.
Bem, hora de voltar pra casa e nos despedir por enquanto desas lindas montanhas. Vamos dar uma última volta em Barra do Garças, para almoçar e então seguir viagem rumo a BH.
Mas antes, eu tenho um último agradecimento a fazer (o mais importante de todos), referente às pessoas maravilhosas que estiveram ao meu lado durante todo o nosso passeio: a minha esposa Daniela e o casal Thalita e Maurício, nossos grandes amigos e companheiros nesse passeio pelo Brasil do futuro.
A bela Serra do Roncador...
Almoçamos numa churrascaria em Barra do Garças e pra quem gosta de carne... fica uma grande dica. Nunca comi um churrasco tão macio. O pessoal sabe como fazer uma carne na brasa!! Na hora de pagar a conta, vi a foto de uma família no caixa e perguntei à moça do caixa quem eram as pessoas da foto. Pronto - começaram a conversar comigo e contar a história vitoriosa de seu avô, que saiu da Bahia 50 anos atrás e veio para Barra do Garças, sendo um grande visionário etc. Neste momento tivemos que interromper a conversa, não por desinteresse, mas porque tínhamos que ir ao aeroporto. Da próxima vez vou passar por lá com mais calma e perguntar de novo sobre a foto. E é capaz do pessoal falar "pois bem, continuando de onde parei no nosso último encontro..." :)
Acima, algumas fotos de Barra do Garças e abaixo o aeroporto de Barra do Garças. A Azul é a única companhia aérea que voa pra lá, aos domingos saindo e voltando a Cuiabá e às segundas e sextas saindo e voltando a Goiânia. Os vôos são realizados no ATR-72/600, uma excelente aeronave turboélice para 72 passageiros. O pessoal do embarque é super rigoroso e nem a minha garrafa de água deixaram embarcar, pedindo que a esvaziasse antes de passar no detector de metais. Primeira vez que isso acontece. Meio chato, mas achei correto seguirem à risca as recomendações de segurança.
Em termos de custo, tivemos dois gastos bem grandes que corresponderam a cerca de 50% de tudo que gastamos por lá - a passagem aérea (pois o trecho BH-Goiânia costuma ser bem caro) e o aluguel do carro (R$130/dia). Como estávamos em quatro pessoas, o custo do carro não foi tão impactante no nosso orçamento, mas já fica a dica de que o sistema de transporte público naquela região é praticamente inexistente e sem carro ou moto você estará literalmente à pé. Algumas distâncias a se percorrer são muito grandes, mesmo dentro das cidades e como o sol é geralmente implacável por lá, um carro faz bastante diferença. A passagem aérea Goiânia-Barra do Garças ou Cuiabá-Barra do Garças não costuma ser muito cara (cerca de R$150, por trecho) e eu acho que vale mais a pena do que dirigir os 380km entre as duas cidades. Particularmente não gosto de andar e muito menos viajar de carro, mas às vezes é a melhor escolha. Existem linhas de ônibus regulares que atravessam toda a região e realizam a ligação a Cuiabá, Brasília e Goiânia, operados pela Viação Xavante. Vale a pena, se você for de avião até Barra do Garças, alugar um carro pois apesar de caro comparado ao que temos em BH, ainda é mais barato que pagar taxi por lá. Os valores de diárias de hotéis, passeios e alimentação são totalmente compatíveis com o que se paga nos locais de grande movimento do Brasil, como RJ, Porto Seguro, Salvador etc. Existem operadores que cobram muito caro e outros que cobram mais barato, assim como nestas outras localidades também acontece. A culinária local lembra a comida mineira e goiana com bastante arroz, farofa, feijão, quiabo, frango, salada, massas e carnes e em geral é tempero é bacana. As bebidas locais são interessante e o guaraná melhor que a cerveja artesanal.
Eu estava um tanto ansioso por este passeio e não sabia bem o motivo. Agora, depois de alguns dias maravilhosos no coração do Brasil, ainda não sei por que eu estava ansioso, mas sei que irei voltar.
Como se diz "a gente sai do lugar, mas o lugar não sai da gente". Assim que puder, estaremos de volta! E quem puder ir antes de eu retornar, vá!! Vale muito a pena.
Forte abraço!!!
ARI.