Mineiro + água = negócio fechado!
Nosso quarto dia no Roncador foi dedicado a visitarmos mais uma cachoeira, num lugar conhecido como "rio do ouro". Aqueles arenitos maravilhosos do último post são, na verdade, o início (ou final) da Serra do Roncador. Diferente das montanhas em MG, que são relativamente curtas em extensão, mas muitas vezes bem altas, no Roncador há um planalto muito extenso, mas nem tão alto, cuja parte final ocorre nos arenitos do post passado. Segundo relatos de pessoas do local, esse imenso planalto se estende por centenas de quilômetros Mato Grosso a dentro. Por isso vemos a parede de arenito do post anterior, mas ao subirmos nela, não vemos o declive na parte de trás (como acontece nas montanhas de MG), porque a sua porção plana se estende por muitos e muitos quilômetros.
Nesta Serra encontram-se incontáveis fontes de águas, muitas delas com propriedades curativas, cachoeiras, córregos, vegetação nativa e também vegetação modificada pela atividade humana (agricultura e pecuária). Nesta faixa de planalto, também, que se encontram muitas comunidades indígenas Xavantes, sendo também o local onde dizem existir as entradas para os Mundos Interiores, extremamente bem guardadas. Estes locais não são franqueados aos "profanos", como nós aqui da face da Terra e são guardadas por todo tipo de mecanismo de dissuasão: ilusões sensoriais extremamente vívidas, campos magnéticos que causam completa desorientação, animais ferozes, galerias sem saída e também guardiões Xavantes autorizados desde a assustar podendo, se for o caso, matar o incauto que tentar penetrar nos espaços sagrados sem ter sido para tal convidado.
Felizmente não visitamos um lugar desses neste passeio, mas uma das muitas quedas d'água da região, que é deslumbrante e bastante segura a profanos como nós. :)
Evidentemente toda a região é de certo modo sagrada e portanto nada impede um local maravilhoso como o do post de hoje ser considerado, ou mesmo utilizado enquanto um santuário ou local de união ("yoga", do sânscrito "yug", significa "união"). Do mesmo modo, todas as águas nativas da Serra são, em certa dose, curativas, umas mais que outras, mas ainda possuindo boas capacidades curativas e regenerativas. Hoje faremos mais um relato fotográfico do passeio e já fica a dica para conhecer a região.
Saímos por volta das 9h da manhã e estava nublado e nem tão quente como de costume. Atravessamos diversas estradas de terra por dentro de algumas fazendas no carro do Maurinho. Este passeio custa R$75 se você for no seu carro ou R$100 se for no carro dele, que é 4x4. Carros sem esse tipo de tração não conseguem completar o trajeto e deixarão os visitantes a uns 500m da queda d'água. Acho que vale a pena os R$25 adicionais por pessoa para ficar mais perto do destino do que subir e descer morros de areia e terra debaixo do sol do MT.
Passamos por uma floresta de eucaliptos cuja história merece ser contada. Uma pessoa bem rica e sem a menor consciência ambiental desmatou 50km de mata nativa e no lugar plantou eucalipto. O Maurinho foi contra, alertou e tentou impedir o desmatamento, não obtendo sucesso devido às máfias que todos sabemos como funcionam no Brasil. Com o tempo, os rios que alimentavam a fazenda deste fazendeiro começaram a secar devido ao eucalipto (cada árvore precisa de 300 litros de água por dia) e ele não foi mais capaz de produzir nada em sua fazenda. Além disso, foi multado por um outro agente do meio ambiente e sua produção de eucalipto não vingou. As árvores cresceram mas ele não conseguiu obter delas o lucro desejado e está a acumular prejuízos. Ele, assim como outros que já causaram graves danos ao meio ambiente da região agora auxilia no reflorestamento e recuperação de áreas danificadas, após compreenderem que agiram errado. É curioso saber que apesar de existirem danos ao meio ambiente, existe também quem deles busque se redimir.
Passamos por fazendas e mais fazendas...
... até chegarmos ao acesso ao rio do ouro. Meio escondido, né?
A trilha é bem curta (uns 50 a 100 metros) e super tranquila.
Chegamos!!! Pena que estava nublado :( e o esperto aqui não levou protetor solar.
Mesmo nublado, ainda é lindo!!
Mas basta o seu sorriso para o céu se abrir e fazer sol. :)
Se era bonito nublado, imagina com sol a pino... (e eu devia ter levado protetor solar)
O local chama "rio do ouro" porque as pedras ao fundo do rio ficam com uma tonalidade dourada quando o sol está bem forte... é bem bonito!
Na cachoeira existem diversas piscinas naturais para entrar e ficar à vontade! A água não é quente, mas também não é gelada. A pureza da água é incrível devido à proximidade às nascentes e o local é intocado pois muito pouca gente vem até aqui, preservando o ambiente. Fantástico!
A queda d'água.
O Rio do Ouro. Parece um monte de moedinhas de ouro no leito do rio quando o sol está forte. É muito bonito! Para este passeio você vai precisar trazer lanche e água pois não há nenhum banheiro, lixeira ou apoio nas proximidades. É um passeio hiper rústico mas que te propicia estar em contato direto com a natureza intocada. Formidável.
Na volta da cachoeira paramos no "arco de pedra". No caminho, caminhões levando eucalipto colhido na região. O plantio desses eucaliptos foi ilegal e irregular, envolvendo diversos graus de corrupção. Mas o resultado acabou vindo ao fazendeiro que deles parece não conseguir obter retorno financeiro, além de ter visto a água de sua fazenda secar. Coisas da vida...
A vista do alto do arco de pedra. Este ponto é o final (ou início) da Serra do Roncador. Olhando da estrada, parece um paredão de arenito, mas na verdade é um extenso planalto. Dá uma sensação muito legal de estar "num outro lugar", "numa outra dimensão", literalmente num outro plano mais elevado. A sensação é difícil de descrever e bem diferente de quando subimos em outras montanhas e quem vos escreve é um mineiro com alguma boa experiência em montanhas. Já que nosso estado possui um bocado delas!
A combinação de mineiro e água é certeira. Em todas as praias que se imaginar tem gente de Belo Horizonte. E quando não vamos à praia, vamos às cachoeiras. Esta região do MT está à mesma latitude de Porto Seguro e o clima úmido traz constantemente a sensação de praia. Prato cheio pra gente, que tem Porto Seguro e região como um ponto de encontro de férias; e as cachoeiras como as da Serra do Cipó como nosso destino favorito para os feriados prolongados.
Está dada a dica e não vou me repetir para não ficar cansativo, mas vale muito a pena vir conhecer e se deixar encantar pela região do Roncador. Vale a pena.
No próximo post vamos falar sobre nossa visita a Nova Xavantina e Campinápolis.
Forte abraço!!
ARI.
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