segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Rumo ao Roncador!! - pt.3

Felizmente conseguimos um hotel aqui em Barra do Garças que oferece wifi...


Saindo do avião nosso plano original era seguir de ônibus ou táxi até o hotel, fazer check-in e tal, porém... não existe ônibus da cidade para o aeroporto; e o táxi até a rodoviária da cidade custa R$45. Até a pousada onde estamos... R$70. E decidimos alugar um carro (melhor ideia do dia). Transporte público por aqui é bem complicado.  Além disso descobrimos que recentemente a Azul mudou a oferta de voos para Barra do Garças, única cidade do Sistema Geográfico do Roncador que recebe voos comerciais regulares, passando a ter voos apenas às segundas, sextas e domingos. Segunda e sexta saindo e voltando para Goiânia e domingo para Cuiabá, sempre ao redor do meio dia. Um dos passageiros do voo, por isso, teve um grande problema. Ele despachou a bagagem em Guarulhos, mas ela acabou extraviada e como não há voos durante a semana, vai ser enviada de ônibus e chegar na quarta feira. O trajeto que eles fizeram: Guarulhos-Confins-Goiânia no mesmo avião (Embraer 195) e Goiânia-Barra do Garças no ATR-72, único modelo de aeronave da Azul que pousa aqui. Felizmente mesmo com malas no limite do peso e dimensões sugeridas pela Azul conseguimos trazê-las como bagagem de mão pois seria um enorme transtorno se nossa bagagem também tivesse sido extraviada e não existindo a menor chance de estar no voo seguinte, por ser cinco dias adiante. Da mesma forma foi inteligente comprar todo o trecho com a Azul porque nosso voo original foi cancelado e fomos realocados para um substituto, já que o voo para Barra do Garças mudou de diário para duas vezes por semana. Se tivéssemos comprado passagem de outra companhia senão a Azul até Goiânia... seria outro transtorno a resolver, além dos transtornos com hoteis e passeios já combinados antes da troca do voo.



Estrada de acesso ao aeroporto (isso mesmo, a estrada de acesso é metade em chão batido).


Aqui no Roncador as coisas são muito diferentes da parte do Brasil que conheço muito melhor (sul, sudeste, Brasília e nordeste). Se disser, em SP, que estamos numa cidade de 20 mil habitantes, imaginamos uma cidadezinha bem pequena, com lojinhas tímidas (a não ser as lojas Cem), pequenos bares, ruas estreitas com muitas motos e carros disputando o pouco espaço viário durante o dia - e praticamente uma cidade fantasma durante a noite. Por aqui, uma cidade de 60 mil habitantes tem as proporções de uma cidade de 200 mil em SP ou MG, ou até mais. Pra se ter uma idéia, o aeroporto fica a 18 km da pousada em que estamos. 18km compreende mais de 10 bairros grandes em BH. Aqui é tudo grande.

As avenidas são enormes, os galpões das empresas igualmente imensos, com uma enorme diversidade de serviços oferecidos. Uma série de avenidas são duplicadas, com jardim central e grandes rotatórias. Vimos muitos jovens adultos, mas nem tantas crianças. Provavelmente daqui a algum tempo muitos destes jovens terão filhos e provavelmente estamos diante de uma região que tenderá a crescer muito e se desenvolver nas próximas décadas. :Uma vez que têm vindo de forma heterogênea pessoas das mais diversas regiões do Brasil, é lógico e certo que aqui surgirá um "segundo Brasil", ou "uma nova versão do Brasil", escrita por brasileiros. O verdadeiro Brasil ainda não existe de forma concreta, mas tenho forte intuição de que surgirá daqui, devido à confluência de pessoas capazes e empolgadas, vindas de diferentes regiões por vontade própria, em busca de melhor qualidade de vida - e brasileiras.

As ruas são um tanto largas para 60 mil habitantes...

O primeiro Brasil surgiu com os fenícios, muito tempo atrás, antes de Jesus Cristo, mas não deu muito certo. Séculos mais tarde foi tentado novamente, mas novamente acabou não dando tão certo assim. Pedro Álvares Cabral, como bem orientado que era pelas Ordens Secretas em Portugal (atualmente SBE) veio e fundou uma segunda versão do Brasil, mesclando europeus, nativos indígenas e negros africanos. Após 500 anos este modelo entrou em colapso, como temos visto através dos repetidos casos de corrupção e malfeitos. Porém aqui do centro oeste, incluindo outras cidades além do Sistema Geográfico do Roncador (como no Tocantins, por exemplo), uma terceira versão do Brasil esta por surgir e pode acreditar - não vai ser baseada em agronegócio, mas em sustentabilidade. Temos planos de passear pelas ruas para conhecer a cidade e ver quais são as oportunidades que existem por aqui. No curto prazo não temos a menor condição de mudar pra cá, mas no futuro talvez tais condições estejam mais favoráveis.

Uma das coisas interessantes sobre esta região é que parece foi habitada recentemente, ou seja, ao longo da segunda metade do século 20. Os pioneiros da civilização ainda estão em grande parte vivos e atuantes, além de que muito pouca gente morreu e foi sepultada, comparado a Goiânia ou Ouro Preto, cidades ou muito maiores e/ou mais antigas. Isso faz o solo fértil e as águas muito puras, favoráveis à promoção da saúde e bem estar. Fora o ATR que viajamos hoje, só vi um avião voando no céu, mesmo assim, de pequeno porte. Este isolamento geográfico traz um silêncio incrível e uma qualidade de vida que não é possível obter em nenhum lugar ao redor de BH, por exemplo.

Por não existir um mito fundador ou diversas gerações de "Roncadores(as)", a cidade de Barra do Garças é naturalmente aberta ao empreendedorismo e  à imigração. Evidentemente existem desafios para empreender por aqui mas certamente com o nível de treinamento e exigência de mercado de trabalho que temos que lidar no sudeste, não me pareceu, a princípio, algo muito difícil de superar. Com o desenvolvimento da cidade, os ares rurais vão sendo gradualmente substituídos por algo mais urbanizado. A sociedade começa a receber cada vez mais imigrantes, que buscam os serviços e facilidades que são comuns nas capitais e ao mesmo tempo a sociedade local começa também a querer tais serviços. Um bom exemplo tivemos hoje, jantando numa hamburgueria gourmet. Em toda cidade do interior existe hamburger "artesanal", pois é o próprio cozinheiro que prepara a carne e por vezes o queijo e o pão, mas para a sociedade destes locais, aquilo é somente um hamburger e não um "hamburger artesanal gourmet". Quando surge uma "hamburgeria gourmet" na cidade e vem a prosperar, é sinal de que a sociedade comprou a ideia de um serviço diferenciado e próximo ao que costuma ver no YouTube, MasterChef e afins. O mesmo costuma ser verdade para outras áreas que prestam serviços, desde por exemplo maquiagem e joalheria ou mesmo advocacia, medicina e profissões dentro da área do meio ambiente e/ou do agronegócio.

"Blend de carne 200 gramas"... 200 gramas?? Sim senhor...

Fomos a um supermercado (o primeiro que encontramos) e lá encontramos diversos produtos que são comuns nos supermercados de BH, como kit paella, vinhos chilenos, portugueses, diferentes tipos de batatas etc. Claro que o mercado de BH, sendo muito maior, oferece mais opções, mas acho que por aqui não deva estar muito atrás. Inclusive fica uma dica interessante de algo a se fazer por aqui - trazer vinhos e ingredientes finos e bem selecionados. Compramos também alguns pães feitos por uma senhora simpática que mora perto do nosso hotel. Achei bem legal ver pessoas vendendo produtos caseiros a um preço muito bom. Um pacote com 6 pães de batata de tamanho médio recheados com carne por 6 reais. E estava muito bom!

Um pessoal muito simpático e bem antigo na região (vieram em 1985 e certamente naquela época era "tudo mato" - perdão pelo óbvio trocadilho)

Um dos senhores que estava vendendo os pães caseiros nos falou sobre o Parque das Águas que fica exatamente ao lado do nosso hotel. Disse que as águas são milagrosas e que sua irmã, bastante debilitada passou dois meses aqui e voltou para casa curada e saudável. Assim também são as águas do sul de MG, assim também é a fonte da Ilha de Itaparica/BA. Três Sistemas Geográficos e suas águas milagrosas... bom sinal!!



Vimos alguns condomínios bem luxuosos em fase de implantação e algumas cassas bem sofisticadas, mas não vi grandes sinais de desigualdade social, como violência, pessoas em situação de vulnerabilidade ou mesmo situações de segregação social (por exemplo, "área vip"). Para minha surpresa vi diversos cartazes e chamadas para shows na cidade (minha área de atuação - música popular), o que me fez pensar "será que...".

Por enquanto vai ser um "será que..." apenas.

Forte abraço!!


ARI.

Nenhum comentário:

Postar um comentário